Começar é para mim a coisa mais complicada do mundo. Seja o doloroso processo de aprendizagem da bicicleta, ou o simples acto de apertar um colete de C4. Procurei bastas vezes a razão de tal impedimento, e julgo que estará relacionado com o acto de nascer. Ou melhor, com as dificuldades inerentes ao parto.
A minha mãe sempre disse: "Foram precisas dez horas para deitar fora esse maldito!". Referia-se, obviamente, ao meu irmão, mas estas palavras intrigavam-me, como seria possível que alguém demorasse dez horas a nascer? Obtive a resposta após, aos 14 anos, ter o meu primeiro vislumbre de genitália feminina (e aproveito para o agradecer a Tim Berners–Lee, o criador da Internet). Sabendo que o meu irmão tinha nascido com 5kg, era agora fácil de perceber o porquê das queixas maternas. Esta constatação incapacitou-me, impediu-me de começar o que quer que fosse, pois por muito que me esforçasse, e achasse que era difícil o que estava a fazer, tinha sempre na cabeça que nada era tão difícil como ter um filho, e que as minhas queixas e dificuldades se esboroavam como um castelo de areia a lutar contra a rebentação da superioridade feminina. Isto, até ao dia de hoje…
Sento-me no cadeirão e abro bem as pernas. Afinal, estou prestes a parir um blog (e para além disso está um calor insuportável).
- "Relaxe os músculos, respire comigo e escolha um modelo." - diz-me o Blogger.
- "Mas são todos tão foleiros!" - respondo eu.
- "É preciso espetar-lhe um par de estalos, para ver se se acalma?" - irrompe o Windows, com aquela postura autoritária de quem é necessário para que tudo funcione.
- "Calma, calma. Não vamos enervar mais o parturiente." - o Blogger a colocar água na fervura, e virando-se para mim - "Vai ter de começar a fazer força. Estique os dedos e carregue nas teclas, para ver se lhe vislumbramos a cabeça."
- "Já tentei, não me sai nada!" - exclamo.
- "Tente outra vez, acho que já estou a ver qualquer coisa."
Nisto, o Firefox desmaia. Eu urro de raiva e rezo por algo em que possa bater (de preferência, o criador do Firefox).
- “E ainda dizem que eu é que tenho muitas falhas críticas!” – resmunga o Windows.
Dois Ctrl+Alt+Del e voltamos à carga.
- “Não se preocupe, que eu guardei o rascunho, e continuamos onde tínhamos ficado.” – as palavras do Blogger não me consolam, eu sabia que devia ter ido para uma maternidade, em vez de me aventurar a dar à luz em casa.
- "Chiça, que o bicho é cabeçudo!" – exclama o Winamp, que entretanto resolvera entrar para dar uma "ajuda" no parto.
- "Cabeçudo? Mas já lhe vêem a cabeça?" - questiono, em desespero.
- "Não, eu estava a falar de si."
Ainda eu preparava a resposta e já o leitor de música tombava no chão. Segue-lhe o Windows e o resto dos ajudantes, como num daqueles dominós dos chineses. “Ai mãe, como te compreendo agora…”
- “O problema é do processador” – justifica o Windows – “como é que quer que me aguente sem condições de trabalho?”
- “Acalmem-se todos que já falta pouco… esperem… olha, já cá está fora!”
- “É bonito?” – pergunto eu.
- “Hum… Não se preocupe com isso, o que interessa é que seja saudável.”
- "Quem é a mãe?" - perguntam-me em uníssono.
- "É filho de mãe incógnita" - respondo, espantando a sala - "Deus* permita que os outros blogs não o discriminem por isso."
*Allah / Jeová / Buda / Brahma / Cristo (riscar o que não interessa)
A minha mãe sempre disse: "Foram precisas dez horas para deitar fora esse maldito!". Referia-se, obviamente, ao meu irmão, mas estas palavras intrigavam-me, como seria possível que alguém demorasse dez horas a nascer? Obtive a resposta após, aos 14 anos, ter o meu primeiro vislumbre de genitália feminina (e aproveito para o agradecer a Tim Berners–Lee, o criador da Internet). Sabendo que o meu irmão tinha nascido com 5kg, era agora fácil de perceber o porquê das queixas maternas. Esta constatação incapacitou-me, impediu-me de começar o que quer que fosse, pois por muito que me esforçasse, e achasse que era difícil o que estava a fazer, tinha sempre na cabeça que nada era tão difícil como ter um filho, e que as minhas queixas e dificuldades se esboroavam como um castelo de areia a lutar contra a rebentação da superioridade feminina. Isto, até ao dia de hoje…
Sento-me no cadeirão e abro bem as pernas. Afinal, estou prestes a parir um blog (e para além disso está um calor insuportável).
- "Relaxe os músculos, respire comigo e escolha um modelo." - diz-me o Blogger.
- "Mas são todos tão foleiros!" - respondo eu.
- "É preciso espetar-lhe um par de estalos, para ver se se acalma?" - irrompe o Windows, com aquela postura autoritária de quem é necessário para que tudo funcione.
- "Calma, calma. Não vamos enervar mais o parturiente." - o Blogger a colocar água na fervura, e virando-se para mim - "Vai ter de começar a fazer força. Estique os dedos e carregue nas teclas, para ver se lhe vislumbramos a cabeça."
- "Já tentei, não me sai nada!" - exclamo.
- "Tente outra vez, acho que já estou a ver qualquer coisa."
Nisto, o Firefox desmaia. Eu urro de raiva e rezo por algo em que possa bater (de preferência, o criador do Firefox).
- “E ainda dizem que eu é que tenho muitas falhas críticas!” – resmunga o Windows.
Dois Ctrl+Alt+Del e voltamos à carga.
- “Não se preocupe, que eu guardei o rascunho, e continuamos onde tínhamos ficado.” – as palavras do Blogger não me consolam, eu sabia que devia ter ido para uma maternidade, em vez de me aventurar a dar à luz em casa.
- "Chiça, que o bicho é cabeçudo!" – exclama o Winamp, que entretanto resolvera entrar para dar uma "ajuda" no parto.
- "Cabeçudo? Mas já lhe vêem a cabeça?" - questiono, em desespero.
- "Não, eu estava a falar de si."
Ainda eu preparava a resposta e já o leitor de música tombava no chão. Segue-lhe o Windows e o resto dos ajudantes, como num daqueles dominós dos chineses. “Ai mãe, como te compreendo agora…”
- “O problema é do processador” – justifica o Windows – “como é que quer que me aguente sem condições de trabalho?”
- “Acalmem-se todos que já falta pouco… esperem… olha, já cá está fora!”
- “É bonito?” – pergunto eu.
- “Hum… Não se preocupe com isso, o que interessa é que seja saudável.”
- "Quem é a mãe?" - perguntam-me em uníssono.
- "É filho de mãe incógnita" - respondo, espantando a sala - "Deus* permita que os outros blogs não o discriminem por isso."
*Allah / Jeová / Buda / Brahma / Cristo (riscar o que não interessa)
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